[sempre de acordo com a antiga ortografia]

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Incendiários?!


É incalculável o número de casas e propriedades rurais que, no concelho de Sintra e por todo o país, estão rodeadas e/ou infestadas por vegetação que, pura e simplesmente, não devia lá estar. Basta olhar para as imagens que, quase patologicamente, os vários canais de televisão transmitem de hora a hora, dando conta dos incêndios que lavram pelo país, para perceber a evidência desta razão que justifica tanto fogo, tanta perda de património, tanto desrespeito por pessoas e bens.

Pela enésima vez, apenas me resta a veemente denúncia da falta de vontade do exercício da autoridade democrática que, para o efeito, detêm as mais diversas entidades da administração centrale local. E são tantos os serviços oficiais, politicamente liderados por representantes democráticos dos cidadãos eleitores e contribuintes, que se escusam ao cumprimento do mandato que receberam e juraram honrar... A verdade é só esta e não há panos quentes que possam abafar tanta incompetência.

Quando referenciáveis, os proprietários de tais casas, habitadas ou devolutas, presentes ou ausentes, deveriam ser devida e imediatamente responsabilizados pelos desmandos que protagonizaram em prejuízo da comunidade. Cometem delito comum, são prevaricadores contumazes, autênticos criminosos que, nem sequer defendendo os seus próprios bens, põem em risco a riqueza nacional comum.

Não está ainda completo e, portanto, muito menos, operacional o prometido inventário das propriedades? E, não estando, continuará isso a dever-se às razões já diagnosticadas há décadas, por inoperância dos Ministérios da Justiça, das Finanças, da Agricultura, do Ambiente, da Administração Interna, das autarquias, sistematicamente incapazes da concretização e disponibilização de instrumentos primordiais como sejam os diferentes cadastros, registos prediais, etc?

A propósito, já repararam serem raríssimos os cidadãos que, solicitados ao testemunho avaliativo de situação tão triste e repetitiva, conseguem apontar o dedo a esta que, infelizmente, não é causa exclusiva de tantos sinistros? São raras essas pessoas porque, como é sabido, a lucidez de opinião se articula com o acesso à informação e ao conhecimento que, pari passu, enquadram a cidadania e a participação cívica. E, entre nós, ainda com tanto analfabetismo e com tão elevada taxa de iliteracia, o esclarecimento geral é muito deficiente.

Incêndios sempre haverá. Sublinhe-se ser o ataque aos incêndios operação que, cada vez mais sofisticada, só pode estar afecta a verdadeiros especialistas e nunca a curiosos, por muito voluntariosos que se apresentem. Naturalmente, continuamos à espera da solução pra este tremendo problema que passa pela urgentíssima promoção de toda uma estratégia de prevenção anual, em determinados momentos, de acordo com características meteorológicas e culurais, diferentes de região para região.

Pois, os madeireiros e o tenebroso negócio das madeiras queimadas. Pois, os pastores que largam fogo aos matos na mira de pastos mais fáceis, rápidos. Pois, os incendiários a mando. Andam as polícias em busca dos incendiários? Então, o melhor é começarem por responsabilizar os próprios donos das propriedades que, por descuido de manutenção e prevenção, fazem com que o país incorra em
incríveis perdas de riqueza.

É a sugestão que me ocorre. E, por favor, não me repliquem não ser oportuno porque não consta do memorandum assinado com a troika...



4 comentários:

Luís Cortez disse...

Caro João Cachado,
Poderia dar uma lista de lugares que são verdadeiras bombas de combustível por todo o concelho. Mas é nas freguesias de São Pedro, Almargem, São João das Lampas e igualmente em Colares que há os maiores perigos de incêndio.
Não percebo como se tolera estes crimes. Em cada caso que sucedesse um fogo em propriedade descuidada, o dono devia ser sujeito a indemnizar a comunidade. Enquanto não se exigir o cumprimento da lei, não se pode ter esperança de mudar seja o que for.
Luís Coortez

M. Serras da Veiga disse...

Amigo João,
É só uma impressão mas julgo que concordará que as coisas na serra estão muito melhores. O perigo de incêndios na serra deve ter diminuído muito devido ao trabalho da Monte da Lua. Mas é para isso que pagamos todos, para fazerem bom trabalho. Mas quem vai por essas estradas e caminhos do concelho só vê sujidades que são rastilho para os fogos.
Abraço, M. Serras da Veiga

C. Santos disse...

Aqui em S. Pedro, no caminho que vai da Fonte do Forno até àos terrenos da Colónia Penal, estão a fazer-se cortes intensívos de árvores, levam os troncos e deixam os ramos e cascas. Já começaram a limpar mas ainda está muito combustível pela beira do caminho.
O fogo é um negócio, que precisava ser seguido e acompanhado com mãos de ferro. Há muitos interesses, contratos milionários de aeronaves, algumas nem descolam nunca, vendas de material caro para equipar os bombeiros, mangueiras, bombas, etc..., e, como já foi referido os madeireiros, quais abutres, vão deitando o olho, e farejando tudo aquilo que lhes interessa. Aqui na serra de Sintra, vê-se cortadores e lenhadores, mas inspectores nunca vi, daí que se observe que junto com eucaliptos, que estejam dentro das ordens para abate, "marchem", cedros e outras árvores que fazem parte da floresta autoctone, e devem ser preservados.

Marques Cruz disse...

Prof. João Cachado,
Ha quantos anos é que se fala em prevenção dos incêndios, em limpezas das matas e florestas? Mas quando é o próprio Estado que não dá o exemplo e não cumpre a lei...
Estamos muito mal e não vejo melhoras de nenhuma qualidade.
Marques Cruz