[sempre de acordo com a antiga ortografia]

sábado, 13 de outubro de 2012



A Paz, os alhos e os bugalhos*


O Comité do Nobel fala e escreve sobre alhos, ou seja, enaltece o caminho percorrido, desde os tempos da Comunidade Europeia do Carvão e do Aço até aos nossos dias, evitando a beligerância entre países que tinham empurrado os seus filhos para dezenas e dezenas de anos de guerras fratricidas e fomentando a paz no continente por um período tão alargado como jamais aconteceu.

Porém, as reacções que tenho encontrado respondem bugalhos. E os «bugalhos» com que deparo são de um tal primarismo que aflige. Claro que é facílimo conotar as justíssimas reacções dos cidadãos europeus - nomeadamente portugueses, irlandeses, gregos, italianos e espanhóis, perante políticas nacionais e globais que estão a minar o Estado Social e a sua qualidade de vida - com estes acontecimentos recentes, circunstanciais, muito importantes de cidadãos gritando que não aguentam a violência de soluções mal equacionadas.

De facto, estamos todos a passar um péssimo momento, incapazes de trilhar a via do federalismo, para a qual apontaram Monet, Spaak, Adenauer e os outros pais fundadores. É verdade. Estamos em risco de não conseguir percorrer esse caminho para a Federação dos Estados Unidos da Europa e de não honrar o fabuloso património das conquistas alcançadas em setenta anos de paz.

Mas, por favor, nada de confusões. Não deixemos que a árvore nos impeça de olhar a floresta… Aliás, com a sua decisão e à sua medida, o Comité Nobel faz uma inteligentíssima chamada de atenção, até estimulando e promovendo uma significativa quota parte de ânimo, mobilizando-nos a todos, decisores políticos e cidadãos em geral, para que nos empenhemos decisivamente nas soluções que, cada vez mais, apontem em direcção ao grande objectivo referido.
 
*texto também publicado hoje no facebook
 
 

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