[sempre de acordo com a antiga ortografia]

sexta-feira, 15 de março de 2013


Gulbenkian,
ontem, a cumprir programa

Em fim de ciclo, esperar-se-ia que, no contexto de trabalho com o Coro e Orquestra Gulbenkian, músicos que tão bem conhece, Lawrence Foster tivesse sido capaz de produzir um melhor resultado do que o de ontem à noite, em que foi manifesto  não conseguir alcançar objectivos de tão  manifesta qualidade como os evidenciados por sucessivos dirigentes convidados.
Como é sabido, durante o concerto, a atitude de qualquer maestro denuncia tudo o que esteve a montante daquele momento. Pois bem, é perfeitamente entendível que, durante os ensaios – é aí, muito mais do que perante o público que o maestro se revela – não houve ‘chama’, ou seja, percebe-se que Foster não pediu tudo o que a orquestra é capaz de produzir quando bem liderada.

Assim sendo, ontem apenas se cumpriu programa. E o programa bem merecia outra prestação. ‘Egmont’, terá sido a peça mais prejudicada, em especial no quarto entreacto, em que o ‘Largheto’ não atingiu, de modo algum, a serenidade que seria necessária para contrastar, não só com o subsequente ‘Andante agitato’, em que Clara tenta convencer o povo a resgatar Egmont, mas também com o epílogo.
Por outro lado, conhecendo bem a obra, discordo da alteração que o maestro introduziu, relativamente à sequência das secções e dos Lieder, fazendo saltar ‘Die Trommel  gerühret’ da primeira para quarta posição. Michaela Kaune, soprano, a dar conta do recado, Fernando Luís pouco eficaz como Narrador, cabendo-lhe uma responsabilidade não despicienda para o resultado que aponto.
Quanto à outra peça do concerto, ainda que não tenha o fôlego da posterior obra-prima que é a “Missa Solemnis”, a “Missa em Dó Maior” op. 86 é uma obra interessante que, durante toda a interpretação, merece o empenho que Foster apenas conseguiu evidenciar no ‘Agnus Dei’ e no ‘Dona nobis pacem’ em que, na verdade, tudo correu muito bem.

Portanto, durante o serão que, ontem de manhã, vos tinha anunciado, com uma ou outra excepção, à noite, apenas se cumpriu programa. É pouco. Vem aí Paul McCreesh, o novo maestro titular. Estou certo de que tudo vai melhorar 



Para me compensar e vos beneficiar, eis uma excelente interpretação da Missa em Dó Maior, 2ª parte. Atenção ao Agnus Dei.
Soprano: Katherine van Kampen
Meio-soprano: Ingeborg Danz
Tenor: Keith Lewis
Barítono: Michel Brodard
Coro: Gachinger Kantorei Stuttgart
Orquestra: Bach-Collegium Stuttgart

Maestro: Helmuth Rilling

Boa audição!

 

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