[sempre de acordo com a antiga ortografia]

segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014



Artigo de A Bola
e a memória do meu amigo Noronha Feio
 


Perfeitamente ao correr da pena, neste despretensioso artigo publicado num jornal desportivo, o Prof. Fernando Seara cita Jean Marie Géhenno, Pitigrilli (Dino Segre), Niccolo Machiavelli, Ortega y Gasset, Henry Longfellow e Guerra Junqueiro. Não imagino o alcance que tais citações produzirão no leitor médio de "A Bola" que, como todos sabem, é dos órgãos de imprensa mais lidos no país, mas julgo perceber a inten
ção do autor.

Ao contrário do que apressadas avaliações possam concluir, aqui não há qualquer alardear de erudição e, tão somente, o aproveitamento da oportunidade de partilhar opiniões e afinidades em matéria desportiva para, muito 'en passant' deixar o recado de quem, a propósito das questões ventiladas, se pronunciou em sentenças definitivas, sábias, para todos os tempos.

Para o leitor médio de "A Bola", talvez não haja outras ocasiões para o contacto com o pensamento, mesmo muito fugidio, das grandes figuras a cujo discurso, recorre amiúde
Fernando Roboredo Seara  Assim se divulga, assim se partilha, assim se enriquece, sem grandiloquências, sem paternalismos.

Neste mesmo escrito, refere-se o autor ao «homem lúdico». Nesse momento da leitura do seu escrito, voou-me o pensamento para outra dimensão. Logo me ocorreu o título de uma antologia de textos desportivos da Cultura Portuguesa, subordinada ao título "Homo Ludicus", organizada por Noronha Feio. Pego num exemplar que me dedicou (tenho a maior parte da sua obra escrita com dedicatórias que me emocionam) e leio, precisamente, um dos seus poemas. Onde eu já vou…

José Maria de Castro Soromenho Noronha Feio (1932-1990), grande senhor do desporto nacional, com obra notável no desporto escolar, além de colega, foi meu dilecto amigo. Homem de saberes diversos, pensador do fenómeno desportivo, poeta, filósofo, ensaísta, autor de vasta obra, foi responsável por excelentes programas de televisão através dos quais bem se verificava a sua postura de diletante, no melhor sentido do termo, do esteta de distinta personalidade, de homem tão simples como sofisticado.

O Prof. Seara deve ter conhecido Noronha Feio. Se assim foi, tenho a certeza que dele recordará a impressão que aqui registo. Do desporto, felizmente, guardo a memória de homens absolutamente excepcionais.
 

 

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