[sempre de acordo com a antiga ortografia]

domingo, 16 de novembro de 2014



Gulbenkian,
Concerto 14 de Novembro


Subordinado ao tema 'Uma noite na Ópera', o concerto semanal da Orquestra Gulbenkian contou com Susanna Mälkki como dirigente e Karita Mattila, soprano, preenchendo o programa que passo a detalhar:

- Carl Maria von Weber, Abertura da ópera "Der Freischütz";
- Alfredo Catalani - da ópera "La Wally", 'Ebben! Ne andrò lontana’ *
- Giuseppe Verdi - Abertura da ópera "La forza del destino"
   - da ópera “Un ballo in maschera”: ‘Morrò, ma prima in grazia’ *
-Antonin Dvorák - Danças eslavas, op. 46 (selecção)
   - da ópera “Rusalka”: Canção de Rusalka à Lua *
- Richard Strauss – Suite de “Der Rosenkavalier, op. 59
- Franz Lehár – da ópera “Giuditta”, ‘Meine Lippen, sie küssen so heiss’*


Primeiramente, em linhas muito gerais, a assinalar a estupenda relação entre a Orquestra e Mälkki, maestrina convidada principal. Sabe o que quer e, com base na autoridade que lhe reconhecem, percebe-se como é assertiva e pode pedir aos músicos o que quiser. Naipes muito bem controlados, entradas muito bem assinaladas, músicos em excelente nível de rendimento.

Com o «advento» de Mattila, apenas confirmei impressões anteriores. Cantora com uma imensa tarimba de palco, dominando todos os truques do métier, sabendo defender-se de modo a nada ou muito pouco arriscar, cumpriu mais uma etapa da tournée nos termos da qual, pela enésima vez, interpreta as mesmas árias…

Tratando-se de peças conhecidíssimas, pois, muito naturalmente, além da avaliação da interpretação que, naquele momento presenciava, também comparava a interpretação de Matilla com outras. E, mesmo sem exemplificar, há dezenas de bem mais gratificantes.

Não, de facto, não me trouxe nada de enriquecedor e, meus caros amigos, este é outro dos meus grandes defeitos, espero sempre, sempre, ganhar com a experiência de mais um concerto, mais um recital, mais um evento musical que possa ter o privilégio de assistir.

Desta vez, Matilla conseguiu a façanha de não se fazer entender em inúmeras passagens. Dei por mim sem perceber uma palavra de ‘Ebben! Ne andrò lontana’. Verdade. Estava sentado num bom lugar do meio da plateia, sem qualquer hipótese de prejuízo acústico, e não percebi patavina dos versos do libretista Luigi Illica. Que hei-de eu fazer? Sou daquela velha escola onde aprendi que a dicção só pode ser absolutamente impecável, em que cada palavra tem de ser inequivocamente perceptível pelo público…

Mas estaria eu enganado e com algum problema pessoal de falta de audição? Felizmente não. No fim do concerto – depois de uma série de peripécias no palco, em que a cantora ultrapassou tudo quanto seria de esperar, mesmo na mais informal das circunstâncias – eis que o meu querido amigo Dr. Carvalho Cardoso, Presidente do Círculo Richard Wagner, homem habituadíssimo na avaliação de vozes, vinha subindo os degraus da plateia.

Ao deparar comigo, logo me pergunta se eu tinha percebido alguma coisa da sobredita ária. Rimos a bom rir, com os truques de Matilla, enquanto o público aplaudia. Despedimo-nos, com um abraço cheio de ironias, até ao próximo evento, ou seja, já amanhã. No domingo, a coisa é muito séria ou não tivéssemos a já mítica Mitsuko Uchida em recital imperdível. Enfim, outros meandros…

Quase à saída, ouvi alguém trocando impressões sobre o extra que a cantora oferecera. E dizia a pessoa que até nem tinha gostado muito daquela interpretação de “O mio bambino Caro”. Ora bem, para que conste, não está correcto. De facto, é 'O mio babbino caro', cuja tradução 'Oh meu paizinho querido', [pappa, babbo, babbino, diminutivos de 'padre', pai] reproduz o primeiro verso de uma ária de Lauretta, filha de Gianni Schicchi, momento absolutamente marcante e icónico da ópera "Gianni Schicchi" de Puccini. [bambino=criança, garoto, menino // babbino=paizinho].

E, oferta minha, eis um estupendo momento de Montserrat Caballé, no Concerto de Munique, em 1990, cantando a famosa ária.

Boa audição!

http://youtu.be/RxZSP1Dc78Q



SINTRA,

PELA CAUSA DA DEFESA DO PATRIMÓNIO DE SINTRA
______________________________________

- A PROPÓSITO DA INSTALAÇÃO DE PARQUES DE ESTACIONAMENTO NA PORTELA E NA ESTEFÂNEA

- ACESSO EXPEDITO E OPERACIONAL AOS MONUMENTOS NO ALTO DA SERRA:

FUNICULARES!
                                  FUNICULARES!
                                             
_______________________________________


[Passo a transcrever o artigo que subscrevi para a edição de ontem do "Jornal de Sintra". Trata-se de um texto longo, numa primeira reacção às propostas apresentadas pelo executivo camarário sobre estacionamento e acesso aos pontos altos da Serra, durante a designada "Presidência Aberta" no passado dia 7.]

________________________________________

 
Presidência aberta à mudança
 
 
No passado dia 7, por ocasião da iniciativa Presidência Aberta, integrei o grupo que acompanhou o Senhor Presidente da Câmara Municipal de Sintra nas deslocações previamente programadas. Desde já, gostaria de referir que a União das Juntas de Freguesia de Sintra, obrigada a uma logística sem quaisquer folgas, com elevado número de participantes, transportes, refeições, distâncias a percorrer, obedecendo a um horário cerrado, revelou assinalável eficácia organizativa, assim contribuindo para o êxito da jornada.
 
Especialmente atento às questões relativas ao estacionamento, trânsito e transportes, que tanto me têm ocupado e preocupado, aliás, como é fácil constatar através das páginas deste jornal, se não vi defraudada a minha expectativa, uma vez que notícias não faltaram, a verdade é que o seu teor veio confirmar como ainda é preciso desenvolver tanto trabalho cívico no sentido de estar à altura dos desafios impostos pelas mudanças em perspectiva.
 
É neste contexto que gostaria de destacar duas das medidas cujo anúncio logo constituiu pretexto para os mais empenhados comentários entre participantes. Cumpre vos dê conta de ter registado, com particular agrado, não ter a Câmara apresentado medidas desgarradas e, pelo contrário, tal como há tantos anos tenho advogado, notar como a intervenção futura privilegia a obediência a uma grelha matriz, no quadro de uma concepção sistémica que, a montante, é condição sine qua non para que a concretização dos projectos revele imprescindível e coerente articulação.
 
I.  Estacionar
 
Pois, precisamente por ter em consideração ser esta a moldura conceptual – e, felizmente, não a outra que designaria como dos avulsos & remendos, cuja persistência tanto tem prejudicado a qualidade de vida da comunidade – é que me permito suscitar alguma reflexão acerca das duas áreas de estacionamento anunciadas. Ou melhor, explicitando, o Parque da Portela, resultante da requalificação da área circundante o edifício do Departamento do Urbanismo [DU] e o Parque da Estefânea, pela construção de um novo, na zona da Correnteza, em terrenos pertencentes aos herdeiros dos proprietários da Vila Eugénia e de João Justino.
 
Se bem julgo ter entendido, quer pelas intervenções durante a Presidência Aberta quer através da sua esclarecedora entrevista ao Jornal da Região de 29 de Outubro, uma grande e natural preocupação do Senhor Vereador Luís Patrício, com o pelouro do trânsito e estacionamento, é a resolução do parqueamento das viaturas dos utentes do Centro Cultural Olga Cadaval [CCOC].
 
Tanto tenho escrito acerca do assunto na imprensa local e nas redes sociais que, clara e entusiasticamente, só posso saudar tão saudável inquietação. No entanto, desde já, chamaria a atenção para uma circunstância a ponderar, com todo o cuidado, e em duas vertentes.
 
Em primeiro lugar, quanto ao CCOC, numa esmagadora maioria de casos, é em horário nocturno, em especial mas não exclusivamente, às sextas-feiras e durante o fim de semana, que se registam os grandes problemas, quando a afluência aos eventos, quase ou totalmente, esgota a lotação do grande auditório, resultando numa inenarrável situação caótica nas imediações, também em consequência da ausência de qualquer autoridade policial que pudesse intervir e, nomeadamente, indicar a alternativa civilizada.
 
Também, aos sábados e domingos, por ocasião de espectáculos, festas de empresas e similares, de manhã, caso dos concertos para crianças, cujo horário coincide com o da Missa dominical, e vespertinos, mais uma vez coincidentes com o da Missa substituta da do dia seguinte, ambas na vizinha igreja paroquial de São Miguel, se verifica a mesma situação de grande confusão e perfeito desassossego.
 
Ora bem, de há muitos anos a esta parte, apesar dos meus constantes apelos no sentido de resolver tão grande transtorno através da utilização do parque do DU, a verdade é que, nem no tempo em que existia a ponte metálica de acesso à Heliodoro Salgado, e, embora facilmente concretizável, se conseguiu que tal objectivo fosse alcançado. Naturalmente, depois da remoção da referida expedita passagem que, igualmente permitia e facilitava o trânsito pednal entre a Portela e a Estefânea, tudo se complicou.
 
Actualmente, confirmada durante a Presidência Aberta, estamos perante a notícia segundo a qual a Câmara Municipal de Sintra pretende proceder à requalificação do recinto em apreço, transformando-o num parque de estacionamento, seguro, bem iluminado, operacional, com capacidade para mais de quatrocentos automóveis, prestando um serviço de qualidade inequívoca, o qual, por todas estas civilizadas razões, ninguém terá qualquer dúvida em aceitar como convenientemente tarifado, desde que asseguradas as devidas excepções.
 
Entretanto, duas coisas deverão acontecer. Uma primeira, inerente à absoluta prioridade desta requalificação sobre a de qualquer iniciativa afim da construção do Parque da Estefânea. E, em segundo lugar, de importância crucial, que a ponte seja reposta e, assim, permitindo que o acesso dos utentes do parque ao CCOC, grande preocupação do Senhor Vereador Luís Patrício, se realize, com toda a comodidade e rapidez, em apenas três minutos.
 
Também é do conhecimento geral que a reposição deste dispositivo, imprescindível ao acesso pedonal entre zonas tão críticas da sede do concelho, colide com o interesse de particulares, tendo já suscitado um difícil diferendo que à CMS cumpre liminarmente resolver, fazendo uso da autoridade democrática de que está investida, em resultado das eleições locais de 2013. Se fosse fácil qualquer um conseguiria. É difícil, é verdade, mas o interesse da comunidade não pode deixar de prevalecer e o executivo autárquico não pode deixar de manifestar esse importante sinal aos cidadãos.
 
Em relação àquele que, por maior facilidade de expressão, acima designei como Parque da Estefânea, fiquei a saber que, como não poderia deixar de acontecer, privilegia características de low profile. Conhecedor como é de Sintra, em geral, e daquele local em particular, o Arq. Diogo Lino Pimentel, alguém que muito prezo, autor do projecto, propõe uma solução discreta, cuja volumetria, parcialmente soterrada, o próprio perfil do terreno lhe concedeu.
 
Escrevendo sob reserva, já que não acedi à proposta, muitos detalhes me escapam. Mas estou em crer que, muito brevemente, a Câmara consultará os cidadãos e, em particular, as associações cívicas e culturais, cuja actividade se desenvolve no âmbito das áreas indissociavelmente relacionadas com as preocupações vertentes, tal sendo o caso das de defesa do património.
 
Nessa altura, haverá oportunidade de esclarecer todos os pontos inerentes aos estudos que terão justificado a escolha do local, nomeadamente, quanto ao acesso e saída de veículos, em horas de ponta, suas compatibilidades e pontos de fricção com a procura do trânsito que, de diferentes proveniências, acederá a montante, e do induzido a jusante, no sentido do centro histórico, articulação com a rede de transportes públicos, etc, etc.
Só para dar um exemplo, impõe-se a necessidade de certificar se o volume acrescido de significativa quantidade de veículos a sair, à tarde, em hora de ponta, terá sido contemplado e devidamente estudado em função da recente circunstância de, na mesma altura, já se verificar demora de cerca de vinte minutos para fazer o percurso desde o CCOC até à confluência da Correnteza com a Alfredo da Costa…
 
E, naturalmente, tudo isto sempre na presunção de que, com a necessária coerência, estas duas unidades integram o sistema geral de estacionamento em Sintra, portanto, na sua acepção de parques de proximidade, estarão em íntima articulação com os parques de estacionamento periférico, cuja instalação se concretizará nas imediações das entradas mais convenientes e com áreas disponíveis em zonas já despistadas das três freguesias.
 
II.  Subir, descer, suspender
 
Quase no final da manhã de trabalhos, já a caminho de São Pedro, o Senhor Presidente anunciou a vontade de a Câmara concretizar o projecto de instalação de um teleférico, entre Ramalhão e a Pena que me levou a evidenciar a maior e mais natural surpresa. É que, como muitos de nós bem sabemos, no quadro em que Sintra se abre ao interesse de tanta gente – nomeadamente, com uma tão significativa área do seu território classificada pela UNESCO como Paisagem Cultural da Humanidade – a solução teleférico coloca reservas de toda a ordem.
 
Surpresa porque, em suma, não tem qualquer hipótese de comparação, a operacional alternativa do funicular, que se espalda no directo, preciso e assertivo seguinte objectivo: em quatro, cinco minutos, a partir de um centro urbano que até pode ser um sofisticado centro histórico, vencer umas centenas de metros, através de carril adossado à encosta, sem qualquer impacto ambiental, simultaneamente transportando dezenas e dezenas de pessoas, em direcção a um ponto de interesse turístico no cume de um monte.
 
Em lugares com características e necessidades análogas às de Sintra, é a solução que mais difundida está em todo o mundo, em especial por essa Europa fora, nalguns casos há bem mais de uma centena de anos, funcionando com inquestionável e insubstituível funcionalidade. Exemplos famosíssimos não faltam. Como sabem, é o de Salzburg, um paradigma, aquele com o qual estou mais familiarizado. Outros, que também conheço, em  Itália, na Ilha de Capri ou no Lago de Como e no Vesúvio, outros e Espanha, Barcelona, como o de Montjuïc, ou Montserrat, funiculares de Sant Joan e de Santa Cova e tantos, na Suiça, em Luzern um famosíssimo e tantos, tantos mais.
Surpreendido fiquei – e retomo o fio à meada depois deste pequeno desvio – porque, tendo acompanhado o Prof. Sidónio Pardal em jornada de estudo de implantação dos funiculares de que Sintra precisa, trabalho que a própria CMS encomendou àquele que é considerado figura nacional de referência absoluta na gestão do território, julgava eu, com argumentos de pertinência máxima, que, tendo já sido encontrada a solução, apenas cumpria aguardar pela melhor oportunidade para a concretizar. 
 
Afinal, parece que assim não acontece. Revela-se imprescindível que trabalhemos no sentido de partilhar esclarecimentos. Com um exemplar discernimento, que tenho o maior prazer em destacar e valorizar na justa medida, o Senhor Presidente da Câmara, imediatamente, me chamou para transmitir a sua convicção de haver ali matéria que, em vez de se transformar num estéril qui pro quo, antes deve ser objecto de diálogo sereno e profícuo, até porque não há qualquer facto consumado, tudo está em aberto.
 
Não gostaria de terminar sem, desde já, aconselhar a todos os que puderem uma pesquisa perfeitamente acessível através da net, no sentido de se inteirarem da pertinência da sua adopção como meio de transporte barato, não poluente, sem impacto no tecido ambiental. No entanto, tal não significa que o teleférico seja um «proscrito», como meio de transporte capaz de vencer importantes desníveis. A verdade é que o deveremos remeter para enquadramentos outros, por exemplo, para o transporte turístico, no sentido de s utentes desfrutarem os impressionantes panoramas da paisagem, entre a Pena e Capuchos. Mas, para o efeito, a UNESCO considerará que tal projecto se adequa à classificação deste território?  
 
Finalmente, um convite a um exercício que, estou certo, vos agradará. Pensemos no caso do visitante que chega a Sintra, vindo de Lisboa e passa por Ranholas, e noutro, que provém de Cascais, ambos entrando em Sintra pelo Ramalhão. Num futuro que todos gostaríamos seja muito breve, estacionarão o seu carro no parque periférico ali à disposição e, consoante o seu plano de visita, andarão uns metros a pé até à zona do estádio do 1º de Dezembro, onde tomarão o funicular para Santa Eufémia, com imediato acesso ao Parque da Pena, aí iniciando uma visita, e dispondo de outros meios de transporte incluindo os hipomóveis…
 
 
Não, não se trata de sonho. Mas, antes, tal como já referido aida muito trabalho teremos de partilhar. É o trabalho de consulta, troca de argumentos que melhor habilitem às decisões políticas que irão configurar o futuro da comunidade de Sintra, sempre numa perspectiva integrada, segundo a qual, repito, defesa do património natural edificado é indissociável da eficaz resolução e questões de estacionamento automóvel, rede coerente de diferenciados transportes públicos urbanos, encerramento e condicionamento de trânsito no acesso ao centro histórico pontos altos da Serra, rigoroso regime de cargas e descargas, etc
 
Finalmente, a fase que precede a resposta eficaz ao enorme desafio que, há já tantos anos, se tem vindo a adiar.
 
[João Cachado escreve de acord com a antiga ortografia]
 
 

Sintra,
Energias outras!

[facebook, 15.11.2014]

É o Engº Nuno Oliveira quem apresenta este projecto tão interessante. É ele o director do património natural da Parques de Sintra, o mundo verde, e da vertente pecuária. Faz parte da jovem equipa dos óptimos quadros técnicos da Parques de Sintra que, altamente motivada, tantas provas de empenho e de alto gabarito profissional tem evidenciado nos últimos anos. Sintra conhece e reconhece.

A T E N Ç Â O!


NÃO ESQUEÇAM!

AMANHÃ É DOMINGO,
DIA EM QUE, DURANTE A MANHÃ,
OS MUNÍCIPES DE SINTRA TÊM ENTRADA GRATUITA

EM TODOS OS PARQUES, JARDINS, PALÁCIOS E RESTANTES MONUMENTOS AFECTOS À PSML. ATENÇÃO QUE É PRECISO MUNIREM-SE DE DOCUMENTO COMPROVATIVO DA CONDIÇÃO DE MUNÍCIPE DE SINTRA. NÃO ME CANSAREI DE CHAMAR A ATENÇÃO PARA ESTE BENEFÍCIO QUE, EM ESPECIAL, DEVE SER PARTILHADO EM FAMÍLIA, COM AS CRIANÇAS.

 
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O Projeto "Quintinha fora da rede" permite uma abordagem pedagógica em duas vertentes principais. Apresenta aos visitantes do espaço os métodos de produção d...
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Efeméride mozartiana

14 de Novembro de 1719

Nascimento de Johann Georg Leopold Mozart (m.1787)

[facebook, 14.11.2014]

[PARTE I]


Pai de Wolfgang e de Nannerl, foi compositor, maestro, professor de música e violinista. autor de um método de ensino/aprendizagem de violino que conheceu enorme sucesso.
Inicio já, de véspera, as comemorações do seu aniversário, propondo a partilha da Serenata em Ré Maior para trompete, trombone e orquestra de cordas. A peça tem os seguintes andamentos:

    I. Intrada Molto Allegro 00:00
   II. Andante 05:15
  III. Menuetto 10:06
  IV. Andante 13:23
   V. Allegro moderato 19:05
  VI. Adagio 24:10
 VII. Menuetto 28:13
VIII. Allegro 31:29
  IX. Presto 35:23


A interpretação confiada a Thierry Caens, trompete e Michel Becquet, trombone.Agrupamento orquestral: Les Cuivres de France. Trata-se de uma gravação ao vivo datada de Setembro de 1995 no "Forum des Cordeliers", em Toulouse, França.
Permitam que vos chame a atenção para o Andante com um precioso solo de trompete extremamente bem tocado. É um momento excepcional numa obra de grande nível.

Boa audição!

http://youtu.be/907412YF6pY



[PARTE II]


Continuo as comemorações do aniversário de Leopold Mozart. Agora, com a "Sinfonia da Caça", em Sol Maior, uma peça para nos deliciarmos com estupendos solos de trompa, que compreende os seguintes andamentos:

 .I: Vivace 00:00
 II: Andante, più tosto un poco allegretto 05:35
III: Menuetto 08:15
IV: Vivace 13:07


Interpretação a cargo da Orquestra Capella Istropolitana, com os seguintes solistas
Trompa I: Bedřich Tylšar, Trompa II: Zdeněk Tylšar, Trompa III: Zdeněk Divoký e
Trompa IV: Jindrich Petras. O Maestro é  Frantisek Vajnar.

Atenção à pintura reproduzida, o famoso quadro de Pauwel de Vos.

Boa audição!

http://youtu.be/rRq9abSpjaA


 
[PARTE III]


Continuo as comemorações do aniversário de Leopold Mozart. Aqui chegado, já à terceira parte, pergunto-me se estarão surpreendidos com estas comemorações. Julgo que apenas lhe faço a devida justiça. O filho, com o seu inegável e universalmente reconhecido génio, «secou» tudo à sua volta, variadíssimos e bons compositores, que ficaram na sombra, incluindo o próprio Leopold.

Se, uma vez por ano, fizer esta chamada de atenção para algumas das suas obras, nada mais faço do que o meu dever de divulgador, com especiais responsabilidades, no contexto da minha qualidade de membro da Fundação Internacional do Mozarteum de Salzburg, tacitamente obrigado a partilhar o património composicional dos Mozart.

Pois bem, agora, DIE MUSIKALISCHE SCHLITTENFAHRT [o Passeio Musical de Trenó], um
Divertmento para 2 oboes, 2 fagotes, 2 trompas naturais, 2 clarins, 2  trompetes naturais, timpani, 5 guizos de trenó (chicote), cordas & continuo em Fá Maior. Está datada de Dezembro de 1755, portanto, cerca de um mês antes do nascimento do nosso Wolfgang. Eis a estrutura da peça:

I. Intrada - 0:00
II. Andante - 0:20
III. Presto - 1:24
IV. Intrada - 3:28
V. Schlittenfahrt - 3:57
VI. Andante, sempre piano (Das schuttelnde Pferd) - 6:00
VII. Aufzug - 7:25
VIII. Allegro - 8:31
IX. Intrada - 10:04
X. Schlittenfahrt - 10:23
XI. Adagio (Das vor Kalte zitternde und schnatternde Frauenzimmer) - 11:53
XII. Menuett/Trio (Des balles Anfang) - 14:33
XIII. Deutscher Tanz I. Presto - 17:36
XIV. Allegro (Kehraus) - 18:20
XV. Pianissimo - 19:33
XVI. Deutscher Tanz II - 20:10
XVII. Allegro (Kehraus) - 20:41
XVIII. Intrada - 21:10
XIX. Schlittenfahrt - 21:30


Interpretação do Ensemble Eduard Melkus.
A pintura de ilustração é "Inverno, ou o passeio de trenó" de François Boucher (1703-70).

Boa audição!

http://youtu.be/S4gWDMMWUYE



[PARTE IV]


Continuo as comemorações do aniversário de Leopold Mozart. Aqui chegado, já à quarta parte, não me pergunto se estarão surpreendidos com a inusitada escala  desta festa no meu mural porque, através das peças anteriores, sei que confirmaram a qualidade da sua «oficina» e, por isso, entendem perfeitamente a minha opção expressa no texto introdutório à audição da peça objecto da Parte III.

Passo a propor-vos a sua  Missa Solemnis em Dó Maior. Como verificarão, trata--se de uma belíssima peça de música sacra, da qual não sou capaz de destacar um momento melhor ou menos bem conseguido, cuja evidente e superior qualidade nos leva a questionar porque razão, mesmo no mundo germânico, não acedemos mais frequentemente a obra tão impressiva. Na realidade, é mesmo caso para apresentação dos mais expressivos parabéns a Leopold Mozart.

São vozes solistas Arleen Augér, soprano, Gabriele Schrecknbach, contralto, Horst Laubenthal, tenor e Barry McDaniel, barítono. Roland Bader, dirige a Domkapelle e o Coro da St.Hedwigs - Kathedrale (Berlin).

Boa audição!

http://youtu.be/PtvIunhayjM


 
[PARTE V]


Cassação em Sol Maior para brinquedos, 2 oboés, 2 trompas, cordas e contínuo.

Durante muito tempo, a autoria desta peça foi inequivocamente atribuída a Joseph Haydn. E, embora mais recentemente, alguns indícios apontem no sentido de que tivesse sido o monge beneditino austríaco Edmund Angerer (1740–1794) a compo-la, ainda continua a considerar-se Leopold Mozart como o seu muito provável autor.
 
Não será propriamente uma sinfonia, de acordo com os habituais cânones, mas tudo leva a crer que os seus três breves andamentos resultarão de um aproveitamento de uma ou mesmo várias 'cassações', quais 'divertimentos' compostos nos arredores de Berchtesgaden, cidade conhecida pela fabricação de brinquedos musicais. Aliás, o título completo da obra, descrevendo a distribuição orquestral, é "Cassação em Sol Maior para brinquedos, 2 oboés, 2 trompas, cordas e contínuo".

De qualquer modo, ao partilhar a peça, faço-o com as reservas que se impõem na medida em que, apesar de muito admirar as capacidades de LM, nestas matérias de propriedade autoral, não se pode ser minimamente voluntarioso. Então, aqui têm. Como verificarão, até na excelente gravação que seleccionei, tive o cuidado de manter a autoria sob reserva.

EDMUND ANGERER (1740-1794) atribuída a LEOPOLD MOZART]
BERCHTESGADENER MUSIK, KINDERSINFONIE (A designada Sinfonia do Brinquedo), com os seguintes andamentos:

I. Marche - 0:05; II. Menuetto, trio, menuetto - 2:03; III. Allegro - 3:51; VI. Menuetto, trio, menuetto - 8:09; V. Allegretto - 11:46

É uma estupenda interpretação, da Amsterdam Baroque Orchestra, em instrumentos antigos, sob a direcção de Ton Koopman.

Boa audição!

http://youtu.be/__VKW7KLhp8




Pecado de Calatrava

[facebook, 13.11.2014]


Quantas e quantas vezes, fascinados pela proposta estética, deixamos de avaliar a obra em todas as suas vertentes. No entanto, aos decisores políticos e seus delegados - cuja responsabilidade ultrapassa a do cidadão comum que, 'a posteriori', apenas se pode queixar de «consequências eventualmente perversas» - será de exigir uma outra atitude e, em especial, durante a primeira fase de recepão, análise e «negociação» com o autor do projecto de arquitectura.
 
 
 
Uma bela estacao de comboios ...impropria para os passageiros particularmente em dias de chuva, vento e frio!...
 


Fernando,
Senhor de Fronteira e Alorna,
'O Marquês Vermelho'
 
[facebook, 13.11.2014]
 
Conheci-o relativamente bem. Homem inteligentíssimo, só tinha um defeito. Era um grande bebedor. Tão grande era que se terá tornado no português que maior carga de CocaCola terá ingerido ao longo da vida...
 
Fui seu colega na Faculdade de Letras, onde partilhámos episódios que, de tão caricatos, nem me atrevo a contar. Muito mais tarde, no âmbito de obras de recuperação de património, concretizadas por alunos meus da Escola de Recuperação do Património, voltei ao seu contacto, no Palácio, onde também frequentei serões musicais e de poesia de excelente recorte, além de seminários formidáveis sobre jardins históricos, por exemplo.

Por via do casamento com Mafalda Osório, na foto, foi cunhado do Rodrigo Miquelino, (British Council, homem a quem os melómanos portugueses nem sabem o que devem...), Mafalda e Rodrigo, meus quase vizinhos em Belém, ele colega na primária e no Liceu. Entre muitos, era amigo querido de Maria João Seixas, que deve estar a sofrer imenso com a sua partida.
Ultimamente, notava-se a sua falta. Muito! Sinais dos tempos...
 
 
 
Era o 12.o marquês de Fronteira, 10.o marquês de Alorna e 13.o conde da Torre. Estes eram apenas três dos nove títulos nobiliárquicos de Fernando José Fernandes Costa de Mascarenhas, que representava também a casa dos Távoras. Morreu...
ionline.pt


Humor?
Que escandalosa xaropada!
 
[facebook, 13.11.2014]
 
Ainda não vos chegaram ecos da reacção dos dinamarqueses ao visionamento deste documento? Considerados como o mais feliz dos povos, afinal, devem estar a morder-se de inveja dos portugueses...
 
Onde estarão os 25% dos cidadãos nacionais que vivem abaixo ou no limiar da pobreza? E as crianças que só não chegam às escolas a desfalecer porque, entretanto, inúmeras organizações de beneficência se organizaram para o impedir?
 
Os desempregados que, sem manipulação de estatísticas, devem rondar os 20%, sob que capa se escondem neste video? E onde pára o quase milhão de portugueses ainda analfabetos? E os recém-emigrados? E os recém-deslocados (não emigrados...) para outros países da União Europeia?

Entretanto, por onde andam os corruptos e os corruptores deste que é dos países mais corruptos da Europa? E a classe política que, maioritariamente, apesar de se reclamar do Estado Democrático de Direito, envergonha os cidadãos eleitores, afastando-os dos mecanismos da Democracia Representativa engrossando os números da abstenção para níveis insuportáveis?

Para fazer humor, além de inteligência, também é preciso ter decoro...
 


A Pena, sempre!...

[facebook, 13.11.2014]

Aproveito a partilha desta foto do Fernando Morais Gomes para informar que todos têm motivos acrescidos para visita ao Parque da Pena e, se possível, logo entrando pelo Portão dos Lagos. Hão-de verificar que a pateira foi recuperada e que o busto em alto relevo do Senhor D. Fernando também devidamente beneficiado. É coisa muito recente, cuja «inauguração» tive oportunidade de assistir, no passado dia 29 de Outubro, como sabem, data do aniversário do Rei e, coincidência extraordinária, também do meu querido amigo Prof. António Lamas.

Estavam todos os colaboradores da PSML, os outros dois membros do Conselho de Administração, Drs. Manuel Baptista e João Lacerda Távares, e, além do «pessoal da casa», facto que me honrou imenso, apenas eu. Foi um fim de tarde inolvidável durante o qual também estivemos na Fonte dos Passarinhos festejando os aniversariantes, seguindo-se passagem pelas plataformas, esplendidamente cuidadas, visita aos trabalhos de sofisticada recuperação tanto da Capela Manuelina como do Tanque dos Frades.

Tudo está um encanto. Para qualquer lado que nos voltemos, deparamos com constantes motivos de regozijo. E, meu Deus, quem se lembra das dezenas de anos e anos de degradação inenarrável, que parecia sem remissão, anda agora, perante a exemplaridade da constante intervenção dos nossos queridos amigos da Parques de Sintra , em permanente roda-viva de fascínio e acção de graças…

Nesse dia, ainda inebriado pelo privilégio que vivera, escrevi: “Éramos tantos e estávamos tão felizes, irmanados no merecimento da Pena!... Fim de tarde no Parque, com queridos amigos, na partilha de momentos tão ingénuos, tão bonitos. Éramos tantos, tão felizes. Fernando e Elise? Ah, pois claro, também andaram connosco... “ E acrescentei a memória de uma obra que me perseguira durante aquelas horas, de Liszt, a "Consolation No. 3", interpretada por Horowitz, que volto a propor.

Boa audição!


http://youtu.be/zS5LRRsNYZk
 
 
 

Informalidade
em expressão máxima


[facebook, 11.11.2014]


Para quem possa ter a ideia de que a Fundação Internacional do Mozarteum de Salzburg «só» é aquela instituição formal, seríssima, escola de música ultra-famosa, detentora de uma biblioteca ímpar, guardiã dos maiores tesouros mozartianos, dona de museus e de salas de concerto, promotora dos maiores festivais mundiais de música erudita, e que não sabe brincar, eis a prova em contrário: hoje à noite, há concerto de órgão e um filme, "A Marca do Zorro", de 1920. Pois quem se apresentar mascarado, tem direito a pipocas e bebida grátis. Será às 19,30 na sacrossanta Grosse Saal do Mozarteum! E esta, hem?!
Heute Abend: Orgel und Film! "The Mark of Zorro" aus dem Jahr 1920. Wer verkleidet kommt, erhält Popcorn und ein Getränk gratis! 19:30 Uhr Großer Saal, Stiftung
 
 


Escola Portuguesa de Arte Equestre
na Feira Nacional do Cavalo na Golegã

[facebook, 10.11.2014]

[É com o maior prazer que, a propósito, disponibilizo a informação que acabo de receber da Parques de Sintra que, como sabem, também enquadra a EP de Arte Equestre, com um tremendo sucesso como é seu timbre. Portanto, mais um aliciante para ir até à Golegã, neste que é o momento da vida cultural mais importante do concelho durante o ano, referência máxima nacional de todas as actividades que, de algum modo, se relacionam com os equinos.

Pessoalmente, tudo isto me diz imenso. A minha família paterna é originária da Golegã e freguesias limítrofes, de Pombalinho, Azinhaga, esteve intimamente ligada às actividades agrícolas e pecuárias, à criação de cavalos e de touros, havendo familiares que vivem exclusivamente da agricultura. Alguns dos meus primos, tanto eu como as minhas filhas montamos e, muito em breve, também por minha iniciativa, para já, o neto mais velho será iniciado.]

- Apresentação contará com 12 cavalos e 9 cavaleiros
- Novo carrossel de 8 cavalos: apresentado pela primeira vez em Portugal


Sintra, 10 de novembro de 2014 – A Escola Portuguesa de Arte Equestre (EPAE) vai participar com uma apresentação na XXXIX Feira Nacional do Cavalo, que se realiza na Golegã, de 7 a 16 de novembro.

A apresentação da Escola será no dia 14 de novembro (sexta-feira), às 21h00, no Largo do Arneiro. Na apresentação, que contará com a participação de 12 cavalos lusitanos Alter-Real e de 9 cavaleiros, vão ser exibidos diversos números como um "pas de trois", um solo em rédeas longas e também o novo carrossel de 8 cavalos, apresentado pela primeira vez pela Escola em Portugal.

À semelhança do ano passado, a EPAE estará também presente no espaço da Companhia das Lezírias, para o qual foi convidada, entre os dias 13 e 16 de novembro, onde disponibilizará informações e terá à venda produtos alusivos à Escola, nomeadamente o livro “Escola Portuguesa de Arte Equestre”, editado em julho deste ano, da autoria de Teresa Abrantes.

A presença da EPAE neste evento é de grande importância, uma vez que este é o mais importante do setor em Portugal, e permite uma grande visibilidade do trabalho da Escola e das atividades de turismo equestre que têm sido levadas a cabo pela Parques de Sintra.

Programa: www.fnc.cm-golega.pt/…/Docum…/programas/programa_fnc2014.pdf
Mais informações: www.fnc.cm-golega.pt

Sobre a Escola Portuguesa de Arte Equestre
A Escola Portuguesa de Arte Equestre, sediada nos jardins do Palácio Nacional de Queluz, foi fundada em 1979 com a finalidade de promover o ensino, a prática e a divulgação da Arte Equestre tradicional portuguesa. Recupera a tradição da Real Picaria, academia equestre da corte portuguesa do século XVIII, que usava o Picadeiro Real de Belém, hoje Museu Nacional dos Coches, e monta exclusivamente cavalos lusitanos da Coudelaria de Alter.

A gestão da Escola Portuguesa de Arte Equestre foi entregue pelo Governo à Parques de Sintra em setembro de 2012, juntamente com a gestão dos Palácios Nacionais de Sintra e de Queluz.
fnc.cm-golega.PT
 
 


10 de Novembro,
a grande efeméride


Johann Christoph FRIEDRICH von SCHILLER

[facebook, 10.11.2014]

Marbach,10 de novembro de 1759 - Weimar, 9 de maio de 1805

Nesta hora tão sugestiva do raiar do dia, sempre momento de inspiradora Beleza, deixem que convosco partilhe dois versos do seu poema "Die Kunstler" [Os Artistas]:

"(...) Nur durch das Morgenthor des Schönen
Drangst du in der Erkenntniß Land
(...)"


[Só através da matinal porta do belo se penetra na terra do conhecimento].
E por aqui me ficaria na invocação desta figura máxima da cultura universal, não sem lembrar uma pessoal preferência que me leva a procurar a sua protectora e serena estátua para junto dela me sentar num banco do Jardim Furtwängler de Salzburg, memorial muito apelativo, propício às leituras que por lá cultivo. M Manuela Bravo Serra e Jose Luis De Moura entenderão este «tropismo»...

Por aqui ficaria se, ontem mesmo, na celebração do 25º aniversário da queda do Muro de Berlin, a "Ode à Alegria" de Friedrich Schiller não se tivesse feito ouvir 'urbi et orbe', matriz poética do quarto e último andamento da 9ª Sinfonia de Beethoven, portanto, na linguagem universal da música, veículo dos ideais da liberdade, da paz e da solidariedade.

Datada de 1785, esta obra de Schiller promove uma perspectiva idealista da Humanidade em que a Fraternidade é a grande protagonista da unidade que, naturalmente, Beethoven também partilhava, poema este que foi considerado Património da Humanidade pela UNESCO. Eis o poema, no original Alemão e numa tradução para Português. E, finalmente, uma proposta de partilha musical.

An Die Freude 

O Freunde, nicht diese Töne!
Sondern lasst uns angenehmere anstimmen
und freudenvollere!

Freude, schöner Götterfunken,
Tochter aus Elysium,
Wir betreten feuertrunken.
Himmlische, dein Heiligtum!
Deine Zauber binden wieder
Was die Mode streng geteilt;
Alle Menschen werden Brüder
Wo dein sanfter Flügel weilt.

Wem der grosse Wurf gelungen
Eines Freundes Freund zu sein,
Wer ein holdes Weib errungen,
Mische seinen Jubel ein!
Ja, wer auch nur eine Seele
Sein nennt auf dem Erdenrund!
Und wer's nie gekonnt, der stehle
Weinend sich aus diesem Bund.

Freude trinken alle Wesen
An den Brüsten der Natur;
Alle Guten, alle Bösen,
Folgen ihrer Rosenspur.
Küsse gab sie uns und Reben,
Einen Freund, geprüft im Tod;
Wollust ward dem Wurm gegeben,
Und der Cherub steht vor Gott!

Froh, wie seine Sonnen fliegen
Durch des Himmels prächt'gen Plan,
Laufet, Brüder, eure Bahn,
Freudig, wie ein Held zum Siegen.

Freude, schöner Götterfunken,
Tochter aus Elysium,
Wir betreten feuertrunken.
Himmlische, dein Heiligtum!
Seid umschlungen, Millionen.
Dieser Kuss der ganzen Welt!
Brüder! Über'm Sternenzelt
Muss ein lieber Vater wohnen.
Ihr stürzt nieder, Millionen?
Ahnest du den Schöpfer, Welt?
Such ihn über'm Sternenzelt!
Über Sternen muss er wohnen.

[Tradução para Português]
Ode À Alegria
Oh amigos, mudemos de tom!
Entoemos algo mais prazeroso
E mais alegre!

Alegre, formosa centelha divina,
Filha do Elíseo,
Ébrios de fogo entramos
Em teu santuário celeste!
Tua magia volta a unir |
O que o costume rigorosamente dividiu. |
Todos os homens se irmanam | 2X
Ali onde teu doce vôo se detém. |

Quem já conseguiu o maior tesouro
De ser o amigo de um amigo,
Quem já conquistou uma mulher amável
Rejubile-se connosco!
Sim, mesmo se alguém conquistar apenas uma alma,|
Uma única em todo o mundo. |
Mas aquele que falhou nisso | 2X
Que fique chorando sozinho! |

Alegria bebem todos os seres
No seio da Natureza:
Todos os bons, todos os maus,
Seguem seu rastro de rosas.
Ela nos deu beijos e vinho e |
Um amigo leal até a morte; |
Deu força para a vida aos mais humildes | 2x
E ao querubim que se ergue diante de Deus! |

Alegremente, como seus sóis corram
Através do esplêndido espaço celeste
Se expressem, irmãos, em seus caminhos,
Alegremente como o herói diante da vitória.

Alegre, formosa centelha divina,
Filha do Elíseo,
Ébrios de fogo entramos
Em teu santuário celeste!
Abracem-se milhões!
Enviem este beijo para todo o mundo!
Irmãos, além do céu estrelado
Mora um Pai Amado.
Milhões se deprimem diante Dele?
Mundo, você percebe seu Criador?
Procure-o mais acima do céu estrelado!
Sobre as estrelas onde Ele mora


Eis a 2ª parte do 4º andamento da 9ª Sinfonia. Toca a Filarmónica de Viena sob a direcção de Christian Thielemann.

Boa audição!

http://youtu.be/I8R1f8d1oLI
 
 


O cheiro do Natal

[facebook, 09.11.2014]


É o «mercado de Natal que já começa a abrir portas. Eis a instalação da grande árvore do Palácio de Schönbrunn, em Viena. Acedam ao conjunto das fotos para entenderem como ali chegou esta sugestiva Tannenbaum.


Efeméride mozartiana
Árias de concerto, de 9 de Novembro

[facebook, 09.11.2014]

Mais uma efeméride mozartiana. Estreia, em 9 de Novembro de 1789, das duas árias de concerto 'Chi sà, chi sà', KV. 582 e 'Vado ma dove? oh Dei?' KV. 583. Aí vos deixo com a Bartoli, no Festival de Luzern, sob a direcção de Abbado, na interpretação da primeira das peças.
...
Querem reparar num pormenor que bem aquilata do altíssimo nível desta orquestra do Festival de Luzern? Então atentem no som do clarinete que estão ouvindo. Na maior parte das vezes, a clarinetista está encoberta pela Bartoli. Mas há alturas em que se vê distintamente. É Sabine Mayer, nem mais nem menos. Por muitos melómanos é considerada a grande intérprete deste instrumento, a melhor, a nível mundial.
 
Abbado conseguia esta coisa extraordinária de reunir, em Luzern, uma orquestra que apenas funciona durante um determinado período anual, como apoio ao Festival, constituída por músicos que são a crème de la crème, grandes solistas, chefes de naipe das melhores orquestras europeias e não só. Naturalmente, a qualidade é espantosa.
 
E Luzern é uma cidade realmente fascinante, com memórias únicas de conotações musicais. Como Triebschen, a casa de Wagner, onde, escreveu ele, foi mais feliz do que nunca em toda a sua vida. Um local de eleição, com uma estupenda localização, onde compôs o" Idílio de Siegfried", oferecendo-o a Cosima, como presente de anos e de Natal.
 
E, ainda, só para citar mais um entre outros lugares, o Hotel Schweitzerhoff onde a estada é um sonho, naquela magnífica situação sobre o Lago dos qutro Cantões, hotel onde se faz e ouve belíssima música. Ali, por exemplo, em 1981, ouvi eu, numa bela manhã de Setembro, um Barenboim, ainda na casa dos trinta, tocando duas sonatas de Schubert como nunca mais tocou, digo-vos eu que, depois disso, já o ouvi dezenas de vezes.
 
Enfim, não são só as memórias de uma cidade muito musical, são as memórias de anónimos, como eu, que enriquecem, em Luzern, com sinais interiores de uma riqueza que, graças a Deus, jamais será tributável...

Boa audição!

[http://youtu.be/PCk8Ovfb2Uc [I]

Claro que não poderia deixar de vos propor a outra peça anunciada. Esta 'Vado, ma dove? oh Dei', embora a intérprete não esteja identificada, posso garantir-vos tratar-se de Christiane Oelze. Conheço-a bem, de Salzburg. E também já cá tem estado na Gulbenkian. Como verificarão é muito especial. Está a fazer-se uma "mozartiana". De facto, não é coisa que aconteça rapidamente. Vai-se fazendo...

[http://youtu.be/TZvbIsfNahoMozart [II]