[sempre de acordo com a antiga ortografia]

terça-feira, 17 de abril de 2018


Requalificação urbana em Sintra

[Publicada no facebook em 5 de Abril de 2018]

Ontem de manhã, muita gente, sala quase cheia do Auditório Acácio Barreiros do Centro Cultural Olga Cadaval, para o grande privilégio de assistir à conferência do Prof. Sidónio Pardal sobre o tema da Requalificação Urbana em Sintra, numa iniciativa, a todos os títulos louvável, da Câmara Municipal de Sintra.
Permitam uma primeira referência, de carácter pessoal. Há quinze anos, com Adriana Jones, Presidente da Associação de Defesa do Património de Sintra, tive o gosto de acompanhar o Prof Sidónio Pardal numa jornada de trabalho, no terreno, em que avaliou as diferentes hipóteses de localização dos três grandes parques de estacionamento periférico. Há mais de trinta anos que me preocupo com o assunto e, sem dúvida, aquele dia de Fevereiro de 2003, tornou-se-me inesquecível porque o conferencista de ontem obedece a uma prática de trabalho de análise sistémica que, só por si, é uma lição.
Professor da Universidade de Lisboa. com agregação em Planeamento do Território, Sidónio Pardal é autoridade nacional que, desde os anos 70 do século passado tem desenvolvido notável actividade nos domínios do urbanismo, arquitectura paisagista e, precisamente, planeamento regional e urbano, autor de conhecidas obras como o Parque da Cidade do Porto o Parque da Paz na cidade de Almada, o Parque Urbano do Rio Ul em São João da Madeira, o Passeio Marítimo de Oeiras, o Jardim Público do Entroncamento, o Jardim do Visconde da Luz, em Cascais, os Espaços Exteriores do Aeroporto Sá Carneiro, o Estádio Municipal e o Parque da Cidade da Póvoa de Varzim, o Parque Oriental da Cidade do Porto (1.ª Fase) e o Parque Urbano de Ovar.
Há muitos anos que Sintra também tem contado com a sua colaboração. Mais recentemente, é de sua autoria a proposta do parque da Carregueira cuja concretização já em curso, sem qualquer dúvida, transformará a zona original num espaço de tal modo propício que, no contexto da área Metropolitana de Lisboa, só é comparável ao de Monsanto.
Numa comunicação extremamente acessível, o Prof. Sidónio Pardal chamou a atenção para uma série de questões da maior e mais recente pertinência que, comunidade detentora de rico e diversificado património em todos os domínios como é Sintra, não pode deixar de ter em consideração, questões às quais me referirei em próximo texto.
Tendo em consideração que a oportunidade da Conferência também proporcionou ao Presidente da Câmara o ensejo de se referir a projectos em curso e a concretizar a curto, médio e longo prazos, gostaria de partilhar convosco apenas dois exemplos dentre os muitos casos ventilados, se bem que alguns dos suscitados por elementos do público presente até nem tivessem relação específica com o tema que ali nos tinha levado.
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Projecto direito ao coração
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Em primeira linha, a resposta a uma questão que coloquei acerca do estado de lamentável degradação em que se encontra o conjunto urbano servido pelas Escadinhas do Hospital, portanto, entre o plano superior do Largo Dr. Gregório de Almeida e o que, mais abaixo, identificamos como a zona do Rio do Porto.
Confirmando a razão que nos assiste quanto à natural expectativa de poder contar «só» com o melhor destino possível para aquela nobre zona, foi o próprio Dr. Basílio Horta quem anunciou a que não poderia ter sido mais bem acolhida, não só por mim mas, como foi bem patente, por todos os circunstantes.
Pois, todo aquele espaço será requalificado e transformado em fracções habitacionais exclusivamente destinadas aos jovens sintrenses que todos pretendemos não saiam de Sintra! Vamos a isso! Cá estaremos, a partir de agora, a reivindicar a concretização de projecto tão cordial (mesmo do coração…) como promissor para a reabilitação da qualidade de vida em Sintra.
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Como podem subsistir dúvidas que tais?
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É de causar o maior pasmo, outro não pode ser o termo, o facto de haver quem, como algumas pessoas naquele auditório, que ainda questionam a Câmara quanto à razão de ir construir parques de estacionamento a quatro ou cinco quilómetros de Sintra, quando a autarquia teria a possibilidade de os instalar, bem no centro da urbe, como no Vale da Raposa… Valha-nos São Cristóvão, advogado dos condutores!
Então, ainda hoje, passados quase vinte anos sobre a luta que os sintrenses travaram contra a construção do parque de estacionamento subterrâneo na Volta do Duche, precisamente no centro histórico, ainda há munícipes que sonham com tais calamidades, mais ou menos a cem, duzentos metros? Embora saiba que, como eleitos, os autarcas não podem deixar de dar todas os esclarecimentos suscitados por dúvidas dos cidadãos, eu admiro a sua paciência…
Naturalmente, perante tal despautério, tivemos o gosto de ouvir o Presidente confirmar, inequivocamente, que jamais construirá qualquer parque de estacionamento no centro de Sintra.
Como assim não poderá deixar de acontecer o actual executivo, também sem margem para qualquer dúvida, bem poderá contar com o permanente escrutínio e constante exigência quanto ao cumprimento atempado do programa de aumento da actual oferta de estacionamento nas bolsas de primeira periferia e construção dos anunciados parques verdadeiramente periféricos.
[Ilustr: Prof. Sidónio Pardal (foto da Alagamares - Associação Cultural;Escadinhas do Hospital, edifício dos Inválidos do Comércio (foto do blogue sintraemruínas)]

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